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Imagine a seguinte situação: uma faísca acidental, um curto circuito ou um descuido na cozinha. Em questão de segundos, um foco de incêndio pode se tornar um grande desastre. Nessas horas, não basta torcer por sorte. É fundamental contar com os equipamentos certos, instalados nos lugares corretos e usados por pessoas minimamente instruídas sobre o que fazer.

Prevenir incêndios vai muito além de cumprir normas. Trata-se de proteger vidas, patrimônios e evitar prejuízos que poderiam ser contornados com itens simples, mas essenciais. Mesmo em pequenas empresas ou residências, entender o funcionamento dos equipamentos contra incêndios pode ser decisivo.

Entendendo a diferença entre prevenção e combate

Antes de mergulhar nos equipamentos em si, vale esclarecer um ponto. Existe uma diferença entre equipamentos de prevenção de incêndio e os de combate. Enquanto os primeiros buscam evitar que o fogo se inicie, os segundos são pensados para agir quando o incêndio já começou.

Ambos são importantes e precisam caminhar juntos. Prevenção sem meios de combate é arriscada. Combate sem prevenção é apostar que o problema vai surgir — e ele pode não dar tempo para reação.

Equipamentos de prevenção: o alicerce da segurança

Detecção de fumaça e calor

Os detectores de fumaça são equipamentos simples, mas incrivelmente úteis. São colocados no teto e têm sensores que identificam alterações no ar, como partículas de fumaça ou variações bruscas de temperatura. Quando algo fora do padrão é percebido, disparam um alarme sonoro de emergência.

Existem dois tipos principais:

  • Detector de fumaça iônico: mais sensível a partículas pequenas, comuns em incêndios com combustão rápida.
  • Detector de fumaça fotoelétrico: melhor para identificar fumaças densas, comuns em materiais como papel ou tecidos.

Além deles, há também os detectores térmicos, que disparam ao perceber aumento anormal da temperatura. São ideais para cozinhas industriais, oficinas e áreas técnicas.

Iluminação e sinalização de emergência

Em ambientes com risco de evacuação, como prédios comerciais ou escolas, a iluminação de emergência é obrigatória. Ela permanece ligada mesmo em quedas de energia, guiando as pessoas para as saídas. Junto a isso, a sinalização de rota de fuga é outro item essencial.

Os principais sinais obrigatórios são:

  • Saída de emergência
  • Extintor de incêndio
  • Proibido fumar
  • Rota de fuga (setas direcionais)

Essas placas devem ser fotoluminescentes, ou seja, brilhar no escuro, e estar posicionadas em locais visíveis, sem obstrução.

Portas corta-fogo

As portas corta-fogo são projetadas para conter o avanço das chamas entre diferentes setores de um imóvel. Elas suportam altas temperaturas por um período, retardando o avanço do fogo e permitindo a evacuação. Essas portas devem ser auto-fechantes, ter vedação contra fumaça e contar com barra antipânico em locais públicos.

Sistemas de alarme e controle de acesso

Os alarmes de incêndio funcionam de forma integrada com os detectores e, em casos mais avançados, com sistemas de sprinklers e brigadas internas. Já o controle de acesso permite liberar automaticamente portas e liberar rotas quando o sistema é ativado.

Equipamentos de combate: enfrentando o incêndio

Extintores de incêndio

O mais conhecido dos equipamentos de combate, o extintor de incêndio deve ser instalado em locais visíveis e de fácil acesso. No Brasil, os principais tipos são:

  • Extintor de água pressurizada: ideal para materiais sólidos como papel, madeira e tecido (Classe A).
  • Extintor de dióxido de carbono (CO₂): usado para incêndios com líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos (Classes B e C). Muito comum em escritórios.
  • Extintor de pó químico seco: versátil, atua em incêndios das classes A, B e C. É o mais usado em veículos e ambientes mistos.
  • Extintor de espuma (espuma mecânica): atua na supressão de vapores inflamáveis e no resfriamento de líquidos (Classe B).

O uso incorreto de um extintor pode piorar a situação. Por isso, todos os funcionários de empresas e escolas devem receber treinamento básico de manuseio.

Hidrantes e mangotinhos

O sistema de hidrantes é um dos mais eficazes para conter incêndios de médio e grande porte. Normalmente composto por:

  • Registro e válvula de segurança
  • Mangueira com esguicho regulável
  • Abrigo metálico
  • Fonte de pressão (geralmente com bomba d’água)

Nos edifícios residenciais ou comerciais, também é comum o uso do mangotinho, uma versão menor e mais prática, usada para conter princípios de incêndio rapidamente.

Sprinklers automáticos

Muito utilizados em galpões, supermercados, shoppings e hospitais, os sprinklers são dispositivos fixados no teto que liberam água automaticamente ao detectar calor elevado. O sistema é eficaz para conter incêndios ainda no início, impedindo a propagação.

Um detalhe interessante: cada sprinkler atua de forma individual. Ou seja, apenas os dispositivos próximos ao foco do incêndio serão ativados, evitando desperdício.

Cobertores antichamas

Apesar de menos conhecidos, os cobertores antichamas são extremamente úteis. Feitos de tecido especial resistente ao fogo, são utilizados para abafar as chamas ou cobrir pessoas em fuga. Podem ser usados em:

  • Laboratórios
  • Cozinhas industriais
  • Oficinas de solda

Além disso, são muito eficazes para conter fogo em roupas de pessoas acidentadas.

Equipamentos de proteção individual (EPIs)

Quando falamos de combate direto ao fogo, a segurança de quem atua na linha de frente é essencial. Para isso, existem os EPIs (equipamentos de proteção individual). Os principais são:

  • Capacete com visor antichama
  • Macacão ignífugo
  • Luva resistente ao calor
  • Bota com isolamento térmico e antiderrapante
  • Máscara de respiração autônoma

Esses itens são obrigatórios para bombeiros e brigadistas em situações de combate mais intenso, onde há risco de exposição direta às chamas ou fumaça tóxica.

Brigadas de incêndio e sua importância

Ter os equipamentos certos é essencial, mas saber usá-los é ainda mais importante. Por isso, muitas empresas e condomínios devem contar com brigadas de incêndio treinadas, conforme orientação do Corpo de Bombeiros de cada estado.

Esses grupos são formados por colaboradores capacitados que:

  • Sabem operar extintores e hidrantes
  • Auxiliam na evacuação de pessoas
  • Ajudam no controle de pânico
  • Acionam o socorro e guiam os bombeiros ao local do foco

A formação da brigada inclui treinamento prático e teórico, renovado periodicamente.

Normas técnicas e obrigatoriedades

No Brasil, os principais documentos que regulamentam o uso e instalação desses equipamentos são:

  • Norma Regulamentadora NR-23: trata da proteção contra incêndios.
  • Norma da ABNT NBR 12693: fala sobre projeto e instalação de sistemas de proteção por extintores.
  • NBR 9077: trata da saída de emergência em edifícios.
  • ITs (Instruções Técnicas) do Corpo de Bombeiros de cada estado: regulam sistemas específicos como sprinklers, hidrantes e alarmes.

O descumprimento das normas pode gerar multas, interdições e, claro, riscos à segurança das pessoas.

Equipamentos em residências: também são importantes

Engana-se quem pensa que apenas empresas precisam de equipamentos de incêndio. Em casa, é importante contar com:

  • Pequenos extintores de pó químico seco
  • Detector de fumaça no corredor ou sala
  • Sinalização simples de saída, em caso de imóveis com mais de um pavimento
  • Cobertor antichamas na cozinha

Esses itens podem ser adquiridos em lojas especializadas e instalados sem grandes obras. Pequenas atitudes que salvam vidas.

Manutenção e validade dos equipamentos

Outro ponto negligenciado, mas essencial, é a manutenção dos equipamentos. De nada adianta ter o melhor extintor se ele está fora da validade. Veja algumas práticas obrigatórias:

  • Verificar a validade dos extintores (normalmente de 1 ano)
  • Fazer testes em hidrantes e sprinklers
  • Trocar pilhas de detectores de fumaça a cada 6 meses
  • Garantir que iluminações de emergência estejam funcionando

Empresas devem manter um cronograma de manutenção preventiva, preferencialmente com empresas credenciadas pelo Inmetro.